Folha de SP - 08/fev/2008
Procurador quer controle em universidades
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LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
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O procurador da República no Distrito Federal, Carlos Henrique Martins, responsável por investigar o uso do cartão corporativo por ministros do governo ao lado da procuradora Eliana Pires Rocha, defende que o Ministério Público nos Estados apure eventuais abusos cometidos pelas universidades federais. Reportagem da Folha de ontem mostrou o uso do cartão por algumas instituições, com excessivos saques em dinheiro, gastos em restaurantes e padarias de luxo, além do uso do cartão feito pelo reitor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Ulysses Fagundes Neto, que pagou contas em restaurantes e farmácia.
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Segundo Martins, os cartões das universidades são muito mais difíceis de investigar. "O controle é muito menor do que nos órgãos do Executivo, pois a visibilidade também é muito menor." De acordo com ele, antes de investigar os gastos da UnB (Universidade de Brasília), por exemplo, a campeã de despesas com o cartão no ano passado (R$ 1,35 milhão), o Ministério Público do DF vai se restringir às compras feitas no cartão pelos ministros Orlando Silva (Esporte) e Altemir Gregolin (Pesca), além da ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial). O procurador da República também reprovou a decisão do governo, anteontem, de acabar com o cartão para os ministros. "Não adianta nada", afirmou, pois os gastos devem continuar a ser feitos por assessores. O TCU (Tribunal de Contas da União), segundo o ministro do órgão Ubiratan Aguiar, vai analisar os gastos das universidades. A investigação, conta, está dentro da proposta aprovada pelo órgão, de analisar todos os gastos com o cartão desde a sua criação, em 2001. "Todo e qualquer ente público será investigado."
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A UnB declarou que todos os gastos da entidade com o cartão passam por uma "auditoria interna" mensal, sendo desnecessário iniciar outra. Segundo a universidade, sempre que há alguma "discrepância", o servidor é penalizado. O reitor da UFPI (Universidade Federal do Piauí), Luiz Sousa Santos Júnior, afirma que vai pedir auditoria interna nas despesas da instituição, a segunda que mais gastou com o cartão entre as universidades federais ano passado-R$ 402,8 mil. Para a Unifesp, caberá a CGU investigar os seus gastos com os cartões.
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Colaborou FELIPE SELIGMAN , da Sucursal de Brasília
sábado, 9 de fevereiro de 2008
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