Uma matéria da Revista Saúde (editora Abril) veio recentemente trazer uma voz em defesa de um importante mas até menosprezado órgão: o baço. Responsável por diversas funções relacionadas ao tecido sanguíneo, o baço já chegou a ser alvo de procedimentos e protocolos (tanto clínicos quanto cirúrgicos) que o colocavam bem abaixo do que parece ser seu verdadeiro lugar na manutenção da homeostase do organismo.
De acordo com a reportagem, um estudo do Hospital Geral de Massachusets e da Faculdade de Medicina de Harvard trouxeram evidências importantes da participação do baço em diversos tipos de lesões ao sistema cardiovascular, em particular ferimentos profundos e infartos.
As funções do baço são diversas: o órgão se caracteriza como um reservatório importante de sangue, sendo que a artéria que o irriga (a artéria esplênica) é um dos principais ramos do tronco celíaco, um conjunto de vasos que emerge da aorta abdominal, e que ainda manda ramos para o fígado e a parte superior do intestino delgado.
Com seu grande aporte sanguíneo, o baço conta com toda uma estrutura histológica para possibilitar uma outra função sua acoplada á primeira: o de filtrar o sangue que passa, removendo e retendo tanto agentes e células infecciosas quanto células envelhecidas, cuja função já pode estar prejudicada.
Além disso, o baço também é um reservatório de monócitos, os fagócitos circulantes, que quando nos tecidos se diferenciam em macrófagos. Essa função também encontra respaldo na anatomia histológica do órgão: a polpa branca do baço (nódulos linfáticos) é uma importante fonte de células de defesa do organismo.
Essas funções desempenhadas pelo baço, contudo, não são exercidas unicamente pelo órgão, e esse não se configura essencial á vida: pacientes que sofrem sua retirada sobrevivem quase que naturalmente.
Mas é justamente aí que há mais a ser acrescentado: embora haja sobrevida quase total á retirada do baço, a falta do órgão traz uma debilidade ao sistema imunológico, o que acaba diminuindo a média de vida desses pacientes. Além disso, há agora a nova correlação entre danos ao coração, por exemplo, e uma atuação reparadora do baço, que agiria enviando células imediamente para o local da lesão, sendo importante na recuperação do paciente.
Um pequeno órgão aproxidamente do tamanho de um punho fechado, o baço deve seu nome ao original em latim “badiu”, que significa avermelhado: uma referência á grande irrigação do órgão. Incidentes que podem levar á retirada do baço são doenças hematológicas radicais (como anemia severa, cistos e linfomas) e traumas ao órgão, que podem resultar em grave hemorragia interna.
Estêvão Cubas
Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0316/medicina/conteudo_512887.shtml
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