segunda-feira, 13 de julho de 2009

Dietas low carb e diabetes

Um dos trabalhos de BioBex que tirou nota 10

Quais os motivos (bioquímicos) de médicos receitarem a dieta low carb para o controle da diabetes tipo II?

Filipe Diógenis Pereira - 09/0006119
Nathalia Burgardt Costa - 09/0011538
Thaís Mendonça Barbosa - 09/0044509
Wladimir Fernandes Bezerra - 09/0044363

A indicação de dietas de baixo carboidrato para pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 já vem sendo estudada há algum tempo. A dieta consiste, basicamente, numa menor ingestão de carboidratos, acompanhada do consumo de muitas proteínas, muitas gorduras, ou proteínas e gorduras numa proporção equilibrada.

Os dois primeiros tipos mostram, inicialmente, resultados benéficos ao paciente. Há significativa perda de peso, bem como queda nos níveis de glicose circulante. A primeira ocorre por conta da utilização de tecido adiposo para obtenção de energia, já que há pouco carboidrato para este fim. Essa perda de peso é muito boa para os diabéticos, visto que quadros de obesidade contribuem para o desenvolvimento de resistência à insulina, levando ao agravamento da doença. No caso da diminuição da glicemia, a principal vantagem está associada à menor necessidade de insulina e, dessa forma, os receptores do hormônio não ficam tão sobrecarregados, causando o decréscimo da resistência hormonal. Além disso, com a menor ingestão de açúcares, ocorre queda nos níveis plasmáticos de trigliceróis e aumento do HDL, o que resulta na diminuição dos riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

No entanto, a longo prazo, a dieta pode trazer vários prejuízos ao indivíduo. Junto à utilização da massa gorda para manutenção energética, há utilização de massa magra, ou seja, acontece proteólise muscular estimulada pela baixa quantidade de glicose, o que leva a um constante estado de fadiga pela diminuição da massa muscular. Outro ponto importante diz respeito ao alto consumo de proteínas. Os aminoácidos em excesso provenientes dessa dieta não são armazenados pelo organismo e acabam sendo oxidados. Essa oxidação promove aumento nos níveis de grupo amina, levando à elevação de excreção de ureia e, consequentemente, sobrecarga das funções renais.

Quando se trata do alto consumo de lipídios, percebe-se aumento nos níveis de LDL (mau colesterol), o que pode, com o tempo, desencadear várias doenças cardíacas. Além disso, a oxidação de lipídios para suprir a demanda energética, sem ser acompanhada pela oxidação de carboidratos, aumenta os níveis de corpos cetônicos, podendo levar a uma cetoacidose.

Com tudo isso, verifica-se que a dieta de baixo carboidrato só é eficiente se houver equilíbrio entre a ingestão de lipídios e proteínas, pois sem o consumo excessivo desses compostos é possível promover controle da glicemia, diminuição da resistência à insulina e perda de peso, além de queda nos riscos de futuras complicações cardíacas e sistêmicas sem que haja prejuízos ao organismo. Portanto, antes da adoção da dieta, é preciso levar em consideração todos esses fatores, tomando os cuidados necessários para a construção de uma vida saudável.

Baseado no paper:
Low-carbohydrate and high-fat intake among adult patients with poorly controlled type 2 diabetes mellitus.

Yunsheng Ma et al. (2006) Nutrition 22: 1129–1136

2 comentários:

CORTICÓIDES E HORMÔNIOS DA TIREÓIDE disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CORTICÓIDES E HORMÔNIOS DA TIREÓIDE disse...

Há uma contradição entre “Além disso, com a menor ingestão de açúcares, ocorre queda nos níveis plasmáticos de trigliceróis e AUMENTO DO HDL, o que resulta na diminuição dos riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.” e “Quando se trata do alto consumo de lipídios, percebe-se AUMENTO nos NIVEIS DE LDL (mau colesterol), o que pode, com o tempo, desencadear várias doenças cardíacas.” ? ? ?