sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Genéricos

Medicamentos genéricos - uma soluçao sempre viável?

A coluna de saúde do site do The New York Times apresentou uma interessante matéria sobre medicamentos genéricos. O foco não esteve, contudo, na diferença de preços e na igualdade de princípios ativos: o foco foi sobre a validade de se poder usar qualquer medicamento genérico em qualquer situação.

Tratada com cautela desde o começo da reportagem, a problemática da eficiência de todos os genéricos é bem controversa. Diversas instituições de controle de qualidade de medicamentos e associações de especialidades médicas aprovam o uso de medicamentos genéricos em sua totalidade, alegando que não há evidências científicas de que medicamentos genéricos possam ter efeitos menores que seus correspondentes originais. Essa posição traz consigo, em um aval comercial, a posição também favorável das seguradoras, que vêem nos genéricos excelentes fontes de economia.

A grande questão, vê-se ao longo da matéria, é que, embora os medicamentos genéricos tenham o mesmo princípio ativo, com a mesma eficácia em níveis sanguíneos com faixa de variação controlada, nem todos os medicamentos parecem obter o efeito da marca original. Citado como exemplo, o medicamento genérico Budeprion XL 300, um anti-depressivo, parece ter efeitos colaterais diversos da forma original, com os pacientes que fazem uso dele percebendo as mudanças e chegando até a regredir a estados pré-medicamentosos em seus quadros de depressão e bipolaridade.
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Além dos medicamentos receitados por neurologistas, aqueles receitados por cardiologistas também parecem ter algumas diferenças sutis, mas importantes, das marcas originais. E é aí que reside a principal diferença: para questões neurológicas e cardíacas, sutis mudanças de níveis sanguíneos podem ter efeitos devastadores.

A reportagem ainda traz uma questão interesante: a de quanto de variação existe quando se fala de “genéricos”. Os níveis sanguíneos para os medicamentos são controlados com aceitação de variação, em relação ao medicamento original, de 80 a 125%, sendo a média dos medicamentos disponíveis 3,5%. Mesmo sendo o parâmetro baseado nos níveis sanguíneos, uma das dúvidas que existe é sobre a absorção: há a possibilidade de os diferentes efeitos observados para alguns genéricos serem devidos a taxas diferentes de liberação de princípios ativos, mesmo o nível sanguíneo, depois de algumas horas, atingindo valores padrão para todos. Existem diferenças nesses quesitos não só quando se compara genéricos com originais, mas também quando se compara genéricos com genéricos – e deve-se lembrar que o consumidor quase nunca é avisado que existe essa diferença.

Link da matéria original:

Estêvão Cubas R.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Diabetes tipo II - The New York Times


O Guia de Saúde do site do The New York Times trouxe uma matéria especial para aqueles que enfrentem um afecção crônica e cada vez mais comum: a diabetes tipo II.

Relacionada com alterações no uso normal pela insulina no corpo, a diabetes tipo II cursa com eventos relacionados á alteração no metabolismo normal da glicose, sendo a sua devida interiorização celular prejudicada pelo funcionamento anormal da secreção de insulina. Tendo relação com vários fatores ambientais (herança multi-fatorial), a diabetes tipo II é foco de grande atenção para se identificar onde, como e quando as intervenções em estilo de vida e dieta são recomendáveis, necessárias e efetivas.

É justamente sobre esses aspectos que versa a reportagem do Times. Trazendo uma explicação rápida e de fácil entendimento, a reportagem fala das causas da afecção, sintomas, exames para identificação da doença e principais complicações decorrentes dos níveis alterados de glicose no sangue. Além disso (e talvez o mais importante), ainda há o tratamento aconselhado, que tem alta contribuição das atitudes do próprio paciente. Começando pelo mais básico – o próprio processo de informação do paciente-, mostra-se que é possível ter-se um bom nível de vida mesmo com diabetes, e que mudanças no estilo de vida e aprendizado sobre a doença são fundamentais.

Na mesma reportagem, ainda há os relatos de 6 pessoas que convivem com os problemas da doença e com as soluções encontradas para eles. Vale a pena ver, tanto para aqueles que enfrentam o diagnóstico de já ter a doença quanto para aqueles que querem ver um pouco mais de perto esse universo tão diferente e tão próximo de nós.

Links:

The New York Times (reportagem escrita)

http://health.nytimes.com/health/guides/disease/type-2-diabetes/overview.html?WT.z_gsac=1

The New York Times (relatos de pacientes)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Sol e câncer de pele

O sol é importantíssimo para manter a saúde do corpo – sua participação é necessária para a manutenção da famosa homeostase corporal, o equilíbrio dinâmico que se expressa, em última análise, como a própria saúde biológica. Citando a que talvez seja a mais importante de suas funções, a luz solar é essencial para que haja a formação adequada da forma ativa da vitamina D3 (calcitriol), envolvida na regulação da absorção intestinal de cálcio.

Mas qualquer coisa, se em excesso, faz mal. O mesmo vale para as radiações presentes na luz solar – em dosagens “fisiológicas”, contribuem para a homeostase; em dosagens excessivas, são fonte de alterações importantes na saúde humana.

Com isso em mente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, em Novembro deste ano, o uso de equipamentos de bronzeamento artificial para fins estéticos. A quantidade de radiações ultra-violetas emitidas por esses equipamentos em sessões de 45 minutos, para se ter uma idéia, são equivalentes á quantidade de radiação recebida durante 8 horas debaixo de sol forte. Toda essa “brutalidade” estética indica um dos caminhos que levou ao grande aumento observado nos casos de câncer de pele ocorridos nos últimos anos.

O câncer de pele foi o tipo de câncer que mais cresceu em número de novos casos na última década, atualmente possuindo o posto de câncer mais comum no país. Duas radiações ultra-violetas presentes nos raios solares – o UVA e o UVB – são responsáveis por grande parte dos efeitos associados á longa exposição á luz solar (especialmente em horários de alto incidência de insolação), sendo que os dois tipos de raios têm características um pouco diferentes. Enquanto o UVA está mais relacionado com a aparência da pele (manchas e aparência envelhecida), o UVB é o tipo de radiação que mais se relaciona com a questão do câncer de pele.
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O UVB, atingindo as camadas mais superficiais da pele, é responsável pela vermelhidão e queimaduras que aparecem após abuso de luz solar, sendo o mais correlato com as alterações celulares que culminam com o aparecimento de um câncer.

O crescimento do número de casos de câncer de pele no Brasil não deixa de ser intrigante e frustrante. Por ter como motivo causador um fator muito simples, a exposição sem proteção á luz solar, a incidência desse tipo de câncer deveria estar caindo. Esse fato fica ainda mais evidente quando se observa que, se eficientemente passado, o filtro solar é uma proteção mais do que necessária.

Um dos problemas, de acordo com um estudo da USP, é que não se passa protetor solar corretamente. Como é passado costumeiramente, acaba-se tendo menos da metade do recomendado por centímetro quadrado de pele (2 miligramas por centímetro quadrado), levando á queda no fator de proteção do protetor utilizado. Devido ás irregularidades da pele, ainda, o uso insuficiente de protetor pode deixar até 50% da superfície corporal desprotegida.

Contudo, o uso correto, embora pareça ser fácil de ser posto em prática, não se revela tão simplório assim: o correto seria se passar o equivalente a uma xícara de café cheia de protetor solar em um adulto médio, 30 minutos antes da exposição ao sol e á água, repetindo a aplicação de duas em duas horas ou após a entrada na água.

Estêvão Cubas R.

Fontes: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/verao-use-protetor-solar-dobro-511929.shtml

http://veja.abril.com.br/noticia/saude/anvisa-proibe-bronzeamento-artificial-511467.shtml

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

As verdades sobre a greve na UnB e o corte da URP


Texto do Professor Ileno, do IP-UnB
(ele faz parte da direitoria da Adunb)

URP, Greve, Desrespeito ao STF, Isonomia Salarial e Autonomia Universitária

A greve por nós instalada na UnB pelo pagamento integral da URP, a despeito da legitimidade política de sua pressão, está mascarando flagrantemente - e ferindo perigosamente – agressão a três princípios fundamentais na luta pela Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade: o respeito ao tribunal máximo de nosso país, o princípio da isonomia salarial e, a tão propalada em prosa e versos (mas não em ações), autonomia universitária. Senão vejamos!

1. Os professores da UnB têm assegurado, por ação impetrada no STF (MS nº 26.156 - Relatora Min. Cármen Lúcia), baseada nos princípios da autonomia e da isonomia - ambos princípios fundamentais da nossa Constituição Federal, via liminar, o pagamento integral da URP na remuneração dos docentes nos seguintes termos:

“Defiro o pedido de medida liminar para determinar à autoridade indigitada coatora se abstenha de praticar atos tendentes a diminuir, suspender e/ou retirar da remuneração/proventos/pensões dos docentes substituídos a parcela referente à URP de fevereiro de 1989 e/ou impliquem a devolução dos valores recebidos àquele título, até a decisão final da presente ação.”

2. Portanto, por decisão liminar do STF, está claro que a determinação, em plena vigência, é de que a UnB se abstenha de retirar/suspender da remuneração (amplamente considerada), a parcela referente à URP (ou mesmo diminuí-la), até a decisão final da ação.

3. Assim sendo, juridicamente, a manutenção da URP está amparada pelo que o direito (e vejam que o nosso Reitor é advogado) chama de “coisa julgada” presente na vitória judicial, obtida por nós, junto ao STJ, e em vigor!

4. Conforme consta, a URP incide sobre o vencimento básico e algumas das gratificações percebidas pelos docentes quando são pagas em valores fixos e predeterminados pela legislação.

5. A incorporação da parcela nos vencimentos dos servidores se deu com a implantação do regime jurídico único, a partir de 1991, quando a remuneração passou a ser composta pelo vencimento básico, anuênios e quinquênios. Em seguida foi criada a GAE, que também passou a sofrer a incidência da URP, pois possuía como base de cálculo o vencimento básico, a exemplo do que também ocorria com anuênios e quinquênios.

6. Por outro lado, qualquer que seja o alcance da norma (posterior) não poderá afetar o princípio constitucional que veda a redução salarial (Art. 7º, VI e 37, XV da CF/88).

7. Portanto, outro princípio legal a ser resguardado é o da irredutibilidade salarial plenamente consolidada na jurisprudência. Ou seja, o valor nominal da remuneração vigente à época da instituição das referidas gratificações deve ser preservado.

8. Desde setembro que a UnB se encontra num embate “quase insano” para manutenção do pagamento de parcela significa dos salários de professores e funcionários.

9. No entanto, a greve iniciada e mantida sem ter como aliada fundamental a decisão judicial cristalina acima está colocando em risco estes princípios: o respeito à decisões de nosso tribunal maior, a isonomia e a autonomia universitária.

10. Na medida em que, pressionado incorretamente pelo TCU, tribunal que tem a obrigação de conhecer e respeitar uma decisão do STF, a Reitoria da UnB suspendeu o pagamento da URP, jogou os professores e funcionários técnicos-administrativos nas mãos de um “jogo manipulatório e conveniente” que envolve a Reitoria da UnB, o Ministério do Planejamento e agora o próprio Ministério da Educação.

11. Vamos aos contextos desta história recente...

Sobre os Atos Intempestivos da Reitoria

1. Em 31/08, a diretoria da ADUnB foi convocada pelo Magnífico Reitor para uma reunião, às 14 horas e 30 minutos, sobre o pagamento da extensão da URP sobre GEMAS e RT. Fomos à época surpreendidos nessa reunião de que haveria um possível recuo da posição da reitoria sobre o pagamento da extensão desta URP, que vinha sendo realizado desde fevereiro de 2009, sendo instados a dar uma posição sobre o fato, entretanto, o prazo (absurdo) era até o final do expediente do dia (31/08), que era não só exíguo, mas precipitado e pressionador, dado que tinham conhecimento das investigações do TCU desde 26/02 (com a notificação do TCU à SRH da época para subsidiar estudos sobre o assunto), ou 03/06 (onde o Dr. Alessandro Laranja, Secretário de Fiscalização de Pessoal do TCU, agradece (Ofício 0863/09) a colaboração prestada pela Reitoria no “livre acesso as instalações do SRH” e “provisão de documentos para a referida investigação”), ou 23/07 (quando foi expedida a comunicação processual de “oitiva”), ou 24/07 (nova expedição de comunicação processual (observem a imediaticidade, desta vez de “audiência”), recebida na Reitoria no dia 31/07, ou, ainda, 19/08, quando saiu a determinação do TCU (quando a UnB recebeu?)

2. Tudo isto acontecendo sem sermos informados ou consultados, vez que de interesse dos professores, num flagrante desrespeito ao nosso histórico papel de negociação e reflexão sobre nossos interesses.

3. O que deixava clara a atual posição da Reitoria sobre a não consideração da atual Diretoria da ADUnB, portanto, dos próprios professores a ela sindicalizados, colocando-nos na inadequada posição (jurídica, acadêmica e sindical) de termos que refletir com dados obscuros, mínimos e manipulados, posto que já tinham conhecimento de toda a situação.

4. A Diretoria, coerente com a defesa inconteste do professor, em especial diante de situações de pressão e flagrante manipulação de informações, questionou se a Reitoria estava recuando da posição de fevereiro (Ato 372/2009, de 16/02/09), que determinava a “incidência da URP nos valores dos vencimentos básicos e demais parcelas remuneratórias dos docentes da UnB”, a partir de 02/02/2009, ao que o Magnífico Reitor afirmou categoricamente, à época, que “SIM”.

5. Ato contínuo, em 01/09, o Magnífico Reitor editou o Ato 2.076/09, determinando à SRH “que observe a extensão da coisa julgada obtida nos Mandados de Segurança n. 927 e 928 que tramitaram perante o Superior Tribunal de Justiça, bem como nas ações individuais, quanto ao cálculo de remuneração de docentes”, tornando sem efeito o Ato 372/09.

6. Em obediência, em 03/09/09, o Secretário de Recursos Humanos, através da Circular 045/09, comunicando que a Secretaria excluiria da remuneração dos professores desta instituição os valores referentes à incidência da URP sobre a Gratificação Específica do Magistério Superior (GEMAS) e a Retribuição por Titulação (RT).

7. Numa clara confusão administrativa, jurídica e política, em 04/09, novamente o Secretario do SRH informa (agora extemporaneamente) o “cumprimento da Medida Cautelar do TCU”, embora a decisão final não tenha sido prolatada.

8. Quanta confusão administrativa, jurídica e política!

9. Diante desse cenário, nova petição foi encaminhada à Ministra Cármen Lúcia, nos autos do Mandado de Segurança nº 26.156, oportunidade em a Assessoria Jurídica da ADUnB formulou o seguinte pedido:

“Em face do exposto, considerando que a remuneração dos docentes será creditada em 1º/11/2009, bem como que o pagamento da parcela URP pode ocorrer com base na rubrica até então utilizada ou em outra, se assim entender Vossa Excelência, ainda que mediante a elaboração de folha suplementar, o Sindicato Impetrante requer que Vossa Excelência digne-se a oficiar o Magnífico Reitor da Fundação Universidade de Brasília e a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG, para que procedam ao imediato cumprimento da decisão proferida no presente feito, em 7/10/2009, sob as penas da lei.”

10. Na oportunidade, além de reafirmar que tanto o TCU quanto a Reitoria da UnB se abstivessem de praticar atos contrários à liminar original, a Ministra Cármen Lúcia deixou claro que “os efeitos da liminar atingem também aqueles que ingressaram nessa instituição de ensino superior após o deferimento da medida liminar no presente Mandado de Segurança”.

11. Em que pese a referida decisão, a Reitoria da UnB informou a existência de novos percalços impostos ao pagamento da URP de fevereiro de 1989. Além de óbices administrativos supostamente impostos pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG, haveria um processo administrativo em curso perante o Ministério da Educação. Com isso, materializou-se uma vez mais o descumprimento da liminar deferida pelo STF, já que, até o momento, 316 professores não receberam a URP (integral ou parcial) do mês de novembro, a ser paga em dezembro de 2009. Entre eles, existem, predominantemente, professores novos. Entretanto, alguns professores mais antigos também estão sendo atingidos pelo corte.

12. Ao suspender o pagamento, agora não mais pressionado pelo TCU, a Reitoria claramente entregou de bandeja ao MPOG, e agora ao MEC, não só o corte dos salários dos professores e funcionários, mas, e perigosamente, entregou ao governo os princípios da autonomia e da isonomia salarial, volto a dizer, garantidos na constituição.

13. O que de fato está claramente ocorrendo é que o MPOG em conjunção com a Reitoria está “analisando os dados dos pagamentos” e, portanto, o salário dos professores e servidores, ao Governo Federal que, por certo, tem toda intenção de reduzi-los.

14. Por outro lado, a Reitoria da UnB, agora procura explorar a ambigüidade da greve instalada na UnB (que, correta e convenientemente, está mobilizando a indignação de professores afetados pelo corte, em especial os “308 novatos” e 186 técnicos-administrativos), delegou para o MPOG e o MEC dois de seus princípios fundamentais de aperfeiçoamento do ensino superior no país: a isonomia e a autonomia.

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15. Assim sendo, o que vemos agora é uma greve de legítima indignação que alia interesses diversos: A próxima eleição da ADUnB, a ser deflagrada no ano que vem, de partidos de esquerda radical que “querem derrubar o governo federal a qualquer custo”, de lideranças que querem construir suas plataformas políticas pessoais. A isso se soma um perigoso jogo de desrespeito ao STF, abre espaço para o questionamento da isonomia salarial dos professores e, o pior a meu ver, dá um golpe final na autonomia universitária, que ainda está mantida pela sabedoria da liminar do Supremo Tribunal Federal.

16. Desde estes fatos, a SECOM, órgão principal de divulgação (e manipulação comunicacional) da atual Reitoria tem trabalhado com informações distorcidas, imprecisas, claramente manipulatórias, contribuindo para uma grande confusão entre a comunidade, em especial os novos professores. Qualquer pesquisa despretensiosa no site da UnB – ou mesmo no “oráculo mundial” Google – evidencia as contradições e os jogos feitos por esta Secretaria em desfavor de nossa luta (como exemplifico abaixo).

17. Por outro lado, uma rápida leitura dos Boletins no site da ADUnB, mostram o caminho tomado pela atual Diretoria para construir uma greve pontual, coerente com os debates, as forças em jogo – mesmo que equivocadas e emocionais – e as evidentes conquistas feitas pelas ações construídas (idem abaixo).

18. Com estes contextos e cenários, está ficando óbvio o que virá, se persistirmos na confusão de objetivos e discursos desta greve em particular: o governo terá a clareza do que deve cortar definitivamente dos salários dos professores, como conseqüência das ações da Reitoria, dos militantes que perderam a direção da ADUnB na eleição passada, subsidiará outras ações do TCU e, finalmente, o mais perigoso de todos estes equívocos, poderá reunir forças para “pressionar” o Supremo Tribunal Federal pela retirada definitiva de nossa URP.

19. A “mobilização-manipulação” política de uma greve recém instalada que, na tradição da política instalada internamente nos últimos tempos na UnB, somente pensa por fatos circunstanciais e se mostra efetivamente incompetente para discutir seus princípios maiores e primeiros a favor de jogos de linguagem políticos.

20. Se assim persistirmos na greve, será um triste fim para um segmento da sociedade, os professores, que “enrolando-se nas próprias pernas” não consegue fazer avançar análises e ações efetivas de manutenção da universidade pública, gratuita e de qualidade, para além das “palavras de ordem”, buscando sempre no “governo federal” as mazelas de nossas faltas de conseqüência. Haja “atribuição de causalidade externa”, como se diz na Psicologia.

Ileno Izídio da Costa
Professor Adjunto do Departamento de Psicologia Clínica da UnB

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Saúde e Baço


Uma matéria da Revista Saúde (editora Abril) veio recentemente trazer uma voz em defesa de um importante mas até menosprezado órgão: o baço. Responsável por diversas funções relacionadas ao tecido sanguíneo, o baço já chegou a ser alvo de procedimentos e protocolos (tanto clínicos quanto cirúrgicos) que o colocavam bem abaixo do que parece ser seu verdadeiro lugar na manutenção da homeostase do organismo.

De acordo com a reportagem, um estudo do Hospital Geral de Massachusets e da Faculdade de Medicina de Harvard trouxeram evidências importantes da participação do baço em diversos tipos de lesões ao sistema cardiovascular, em particular ferimentos profundos e infartos.

As funções do baço são diversas: o órgão se caracteriza como um reservatório importante de sangue, sendo que a artéria que o irriga (a artéria esplênica) é um dos principais ramos do tronco celíaco, um conjunto de vasos que emerge da aorta abdominal, e que ainda manda ramos para o fígado e a parte superior do intestino delgado.

Com seu grande aporte sanguíneo, o baço conta com toda uma estrutura histológica para possibilitar uma outra função sua acoplada á primeira: o de filtrar o sangue que passa, removendo e retendo tanto agentes e células infecciosas quanto células envelhecidas, cuja função já pode estar prejudicada.

Além disso, o baço também é um reservatório de monócitos, os fagócitos circulantes, que quando nos tecidos se diferenciam em macrófagos. Essa função também encontra respaldo na anatomia histológica do órgão: a polpa branca do baço (nódulos linfáticos) é uma importante fonte de células de defesa do organismo.

Essas funções desempenhadas pelo baço, contudo, não são exercidas unicamente pelo órgão, e esse não se configura essencial á vida: pacientes que sofrem sua retirada sobrevivem quase que naturalmente.

Mas é justamente aí que há mais a ser acrescentado: embora haja sobrevida quase total á retirada do baço, a falta do órgão traz uma debilidade ao sistema imunológico, o que acaba diminuindo a média de vida desses pacientes. Além disso, há agora a nova correlação entre danos ao coração, por exemplo, e uma atuação reparadora do baço, que agiria enviando células imediamente para o local da lesão, sendo importante na recuperação do paciente.

Um pequeno órgão aproxidamente do tamanho de um punho fechado, o baço deve seu nome ao original em latim “badiu”, que significa avermelhado: uma referência á grande irrigação do órgão. Incidentes que podem levar á retirada do baço são doenças hematológicas radicais (como anemia severa, cistos e linfomas) e traumas ao órgão, que podem resultar em grave hemorragia interna.

Estêvão Cubas

Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0316/medicina/conteudo_512887.shtml

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Artigos mais citados da UnB (posições 6 a 20)





Apenas artigos publicados de 2000 para cá foram contabilizados.
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Leia aqui o post do blog cienciabrasil sobre este tema (tem ainda os papers nas posições 1 a 5).

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Insensíveis aos apelos

Clique na imagem para ampliar
Fonte: Jornal de Brasília de 03/10/2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Doce açucar: uma amarga ilusão

Texto baseado na reportagem de capa de Veja da semana passada, com o título AÇÚCAR é a droga da vez?

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Coluna do Estevão
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Doce açúcar: uma amarga ilusão


Intimamente associado aos aspectos mais doces do cotidiano, o açúcar é um dos pilares gastronômicos das mais variadas sociedades do mundo atual. Aqui, no Ocidente, só para citar alguns exemplos, temos bolos, pudins, chocolate, sorvetes, cafés, molhos e bebidas que, em maior ou menor quantidade, agradam ao paladar com os gostos aos quais todos já se acostumaram.

Até aí, tudo certo. Que mal podem fazer os grãozinhos inofensivamente colocados em tantos alimentos, em tantos lugares, em tantas situações, a tantas horas? A resposta – como grande parte delas – pode ser encontrada em um daqueles dizeres sábios, antigos e sem autores específicos: “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose”. Mas... Açúcar é remédio? Em sentido estrito: não. E açúcar é veneno? Em todos os sentidos: se em excesso, sim.

Como praticamente todas as substâncias (inclusive a água), os carboidratos que são açúcares são prejudiciais ao bom funcionamento do organismo se estiverem em quantidades excessivas. Alguns deles são conhecidos desde os primeiros períodos da infância, como as cáries dentárias – lesões aos dentes causadas por nutrientes em excesso na boca, dando substrato para certas bactérias viverem e fazerem estragos bem sérios. Doenças nervosas, problemas renais, problemas no coração e complicações vasculares (como a retinopatia) são mais conhecidos dos diabéticos, problemas esses que também contam com a contribuição do açúcar excessivo no sangue. Além desses, um triste desfile que tem desde hipertensão e derrames cerebrais até amputações. E, é claro, não se pode de jeito algum deixar de mencionar-se a obesidade.

Assumindo cada vez uma proporção de pandemia (com 400 milhões de obesos no mundo), e tida por alguns como parte dos principais desafios de saúde desse século, a obesidade conta com uma triste contribuição dos açúcares, presentes em quantidades desproporcionais nos mais variados – e gostosos – tipos de alimento. Seja pelo custo, pela praticidade ou pela atratividade, cada vez mais nosso modo de vida urbano e de estilo norte-americano nos empurra para médias populacionais de IMC maiores e maiores. Não só no Brasil, não só nos EUA; mas no mundo inteiro.

Vamos, então, aos vilões. Mais precisamente, a um de seus veículos, talvez o principal. O refrigerante. Doces em grandes quantidades, refeições mais do freqüentes em redes de fast-food e outras formas de ingestão excessiva de açúcar não são de maneira alguma pouco importantes. A questão é que o desequilíbrio vivido hoje em dia na questão “açúcar” faz merecer uma séria reflexão sobre o impacto que têm os refrigerantes, seu veículo mais popular. 14 bilhões de litros de refrigerante por ano são bebidos no Brasil, e, nos EUA – a pátria da Coca-cola -, o consumo é 4 vezes maior. Uma simples latinha de 350 ml contém o equivalente a cerca de 10 colheres de chá de açúcar, com calorias suficientes para fazer engordar, segundo estimativas, mais de 6 quilos por ano com consumo diário dessas latinhas.
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Recentemente, nomes importantes da epidemiologia e figuras acadêmicas de destaque chegaram a propor aumentos nos impostos de refrigerantes em certos estados dos EUA a fim de conseguir, desse modo, uma diminuição efetiva do consumo. Além disso, outras propostas incluíam a diminuição expressiva da quantidade de açúcar presente nos refrigerantes, indo das atuais 10 colheres para aceitáveis 3 colheres de açúcar por latinha.

Os níveis recomendados não ficam soltos. Importantes associações e organizações estipularam níveis mais rígidos para o quanto de açúcar é aceitável se ingerir – sendo que esse limite diminuiu consideravelmente nas últimas décadas. A American Heart Association, pela primeira vez na história, definiu limites para o consumo de calorias de açúcar – com apenas 100 e 150 calorias para mulheres e homens, respectivamente. A OMS (Organização Mundial da Saúde), mesmo tendo que denunciar tentativa de inibição por parte da Sugar Association dos Estados Unidos, estabeleceu limites de 10% das calorias diárias sob a forma de açúcar industrializado. Além disso, há recomendações de no máximo quatro ingestões diárias de açúcar na Eurodiet, guia alimentar da União Européia, e, na Alemanha, Bélgica e em parte no México, legislações sobre venda e propaganda de produtos com altos teores de açúcar em escolas e áreas próximas. Grande parte da dificuldade em se estabelecer valores rígidos nas recomendações está no poder do lobby da indústria do açúcar: nos EUA, por exemplo, há amplo financiamento tanto para o partido Republicano quanto para o Democrata, e a força no Senado dos representantes dessa indústria é grande.

Um local onde essa influência do poder do açúcar se manifesta é na área de publicações de estudos científicos. Uma análise feita pelo professor David Ludwig, de Harvard, mostrou que absolutamente todos os artigos analisados (os de maior relevância para a área) que haviam sido financiados pela indústria açucareira aprestaram resultados estranha e absolutamente favoráveis – bem diferente do restante dos trabalhos, que não haviam sido financiados, e que tiveram conclusões mais realistas.

O quanto de açúcar, onde e como são perguntas que serão respondidas nos próximos anos. Contudo, tudo o que há de história ficou – desde as transformações imensas na sociedade até os mais magníficos doces. E, inclusive, ficarão as poesias, entre as quais segue a bela estrofe do poeta Ferreira Gullar sobre o açúcar, citada em uma reportagem da revista Veja:

"Afável ao paladar
Como beijo de moça, água
Na pele, flor
Que se dissolve na boca"

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

TRAMPOLINANDO A LA CRISTOVAM


TRAMPOLINAGENS CRISTOVISTAS

Prof. Dr. Frederico Flósculo Pinheiro Barreto
Departamento de Projeto, Expressão e Representação em Arquitetura e Urbanismo

O título deste texto se refere diretamente ao modo hábil de usar o cargo de Magnífico Reitor da Universidade de Brasília para propelir a carreira de ex-reitores pelo mundo da Administração Pública. A princípio, esse trampolim não deve ser considerado anti-ético, e o exemplo de Cristovam Buarque, que de Professor universitário passa a Reitor da Universidade de Brasília (1985-1989), a e daí a Governador do Distrito Federal (1994-1998) e daí a Senador da República (2003-2010), é notável.
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Tão notável que, afirmo, TODOS os Reitores que o sucederam - com a possível exceção de Antônio Ibanez Ruiz (1989-1993) - tentaram "ser Cristovam", no sentido de adquirirem estatura política respeitável e visível, notória e de qualidade, depois da Reitoria. Na verdade, as realizações de Cristovam ocorreram com tal desenvoltura e clareza que parece a todos, especialmente os que alcançaram o cargo de Reitor depois Dele, ser "fácil" alçar vôos solo Além da Reitoria. Não é, e cada Reitor parece dar lições acerca disso.
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Não tentem imitar o Cristovam!
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Querer ser-Cristovam não é poder ser-Cristovam, apesar de o exemplo cristovanista ter passado a representar mais que um paradigma para a projeção dada pelo cargo de Reitor da UnB: criou um tipo de coesão interna que se mantém quase intacto, por mais que as composições de poder se alterem. Cada Magnífico tornou-se Magneto de um poder futuro, um chefe que pode ir Além e que merece toda a lealdade que puder comprar. As expectativas acerca do Magnífico, a concentração do poder que exerce, o puxa-saquismo e os desvarios de ambição - e esse tipo de ingenuidade imperdoável no desempenho da função pública - são diretas conseqüências do Desejo-de-Ser-Cristovam, e não conseguir. Afirmo que Cristovam, o fenômeno, entortou a cabeça de muita gente boa nesta Universidade de Brasília.
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Não tentem imitar o Cristovam!
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No caso do atual Reitor, a trampolinagem cristovanista, ou o uso do cargo de Reitor da UnB como ponto de partida para elevados alvos públicos, é evidente. Essa é a minha explicação para a conduta do Reitor José Geraldo de Sousa Júnior no caso da indevida retirada da URP de nossos salários, que está a anunciar. Precisamos de uma boa explicação acerca da motivação do professor José Geraldo quanto a esse indevido corte salarial. Tenho uma: a tentativa de trampolinar cristovistamente.

O REITOR JOSÉ GERALDO ESTÁ A TRAMPOLINAR

Qual seria a motivação do Reitor José Geraldo para descumprir uma DECISÃO JUDICIAL do Supremo Tribunal Federal, que protege - ou deveria proteger, mas os juristas estão aí para gerar insegurança e desequilíbrio - a parcela da URP em nossos salários?
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Qual seria a motivação do Reitor José Geraldo para cumprir algo que NEM É DETERMINAÇÃO JUDICIAL, segundo nossa assessoria jurídica (ADUnB), mas apenas um ato de fiscalização do Tribunal de Contas da União, que enseja uma série de outras medidas protetoras do nosso direito à parcela da URP?
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Minha conclusão é de que, nesse episódio de CASSAÇÃO ADMINISTRATIVA DA URP o Reitor tem intenções políticas, relacionadas com sua vida além-Reitoria. Esse Reitor, a mim, não engana. Ele quer ser Ministro de um "tribunalzão" desses aí - SUPREMO? TRIBUNAL DE CONTAS? E já começou a sua carreira de Ministro. Alguém deveria lembrar a ele do exemplo de Cristovam: cada mandato, cumpriu condignamente. Entre cada mandato, passaram-se pelo menos 5 anos, de reflexão, de prestação de contas. Há certa sabedoria no trampolinato cristovanista, versão original.

LIÇÕES DE CRISTOVAM

Do exame da extraordinária biografia de Cristovam Buarque salta uma série de inusitadas leis, deduzidas da sua evolução pessoal, política e pública: em especial, não há "troca de papéis" ou confusão notável sobre o que deve fazer como (a) Professor, (b) Reitor, (c) Governador e (d) Senador.
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Exemplarmente, Cristovam fez uma coisa de cada vez: não foi SENADOR, nem GOVERNADOR, nem REITOR, antes de sê-lo. Portanto, uma lei elementar na conduta da trampolinagem é: "Não tente ser Ministro do TCU antes de sê-lo". Essa lei-da-trampolinagem permite outras formulações, como: "Se é Reitor, entenda exatamente como funciona a sua Universidade, e a aprimore, não a atrase, não a detone".
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Trabalhe como Reitor, aja como Reitor: Defenda e Promova sua Instituição, seus Professores, Funcionários, Estudantes. Use seu demonstrado talento como a mola e a prancha do trampolim: nunca use o lombo dos seus subordinados! Outra lição de Cristovam, que me parece passível de dedução: "não arrebente suas relações com os professores e os funcionários, assalariados, exatamente com REDUÇÕES SALARIAIS!".
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Corolário: somente um administrador inexperiente e desavisado, meio tonto, consegue piorar os salários por conta de sua inabilidade administrativa; "negocie com calma, ordenadamente, sabiamente, todos os aspectos das relações trabalhistas no âmbito da Universidade!"; "não aja como um imperito, um precipitado, um tonto: na dúvida, PERGUNTE AOS UNIVERSITÁRIOS!!!"

LIÇÕES DE MULHOLLAND

Assim como há lições a aprender com Cristovam, sobram lições a aprender com Timothy Mulholland, o Reitor politicamente destituído pelo movimento estudantil. Entre elas: "Converse, não seja arrogante" (Timothy não conversou e perdeu a noção de realidade, a meu ver). "Não minta, exija a verdade e viva de acordo com ela" (o puxa-saquismo ao Timothy alcançou índices sem precedentes na Universidade de Brasília; penso que o ex-Reitor acreditou em muitas mentiras, agradabilíssimas de ouvir). "No exercício da Reitoria, não ceda à sua vocação de Decorador" (sem comentários); "não seja o que ainda não é, antes de ser", se é que me entendem.
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A mesma pressão da fiscalização do TCU, que ignora as decisões do Supremo Tribunal Federal, foi exercida sobre Mulholland, que podia gostar de Decoração, de lugares bacanas para as funções públicas, mas não era bobo de confrontar professores e funcionários com uma medida administrativa tola, desnecessária, contornável - e notavelmente prejudicial, sem fundamento legal, sem oportunidade: o corte da URP.
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Nem o Timothy, que teve a Reitoria ocupada, cometeu esse erro. Se Mulholand deu algum mau passo, não foi esse.

LIÇÕES DE JOSÉ GERALDO: O REITOR JURISTA QUE SE PRECIPITOU JURIDICAMENTE

O Reitor José Geraldo de Sousa Júnior sabe perfeitamente da dimensão política de seu cargo, mas demonstra não ter uma avaliação sóbria acerca da correlação de forças que pode manter sua respeitabilidade - ou, nos termos do governo federal atual, sua "governabilidade". Ele criou a mais espantosa das unanimidades entre professores e funcionários: todos concordamos que o corte da URP surge como medida inábil e precipitada, sobre assunto da sua pretensa área de competência. Todos concordamos que a última pessoa a "amarelar" diante da fiscalização do TCU, a desconsiderar a mais poderosa das decisões judiciais, do próprio Supremo Tribunal Federal, seria um Reitor jurista.
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O professor José Geraldo age como se tivesse planos para Além-Reitoria, como se quisesse ser Ministro do TCU ou de coisa que o valha. O que podemos fazer para que esses planos se realizem, o mais rápido possível, e sem o sacrifício de nossos salários?

Resposta: REITOR JOSÉ GERALDO PARA O SUPREMO (OU TCU, ETC.), JÁ!

Os 20 papers mais citados da UnB




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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Sem Estresse

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Fonte: Correio Braziliense de 18/set/2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Será que fui pago com dinheiro falso?


Marcelo e anônimos (nossa, como nos momentos de crise os anônimos proliferam...).

Pergunto a quem puder responder:

  • Cadê a tal súmula do TCU? Todo mundo fala dela e ninguém divulga.
  • Cadê a decisão da reitoria, na íntegra, não apenas uma nota?
  • Porque as informações que temos são da Secom e não da SRH?

Acho que o mínimo que a reitoria deveria fazer agora seria explicar, tintim por tintim, como fica cada caso. O exemplo da ADUnB foi muito ilustrativo, mas não é diretamente transponível para todos. Tem gente que perde tudo, tem gente que só tem redução, tem gente que perde e tem que pagar etc. Uma coisa é a reitoria, por meio do site da UnB, dizer que irá recorrer, outra coisa seria expor, para cada tipo de caso, qual era a situação antes, como ficará agora e como se quer que fique. Uma tabela, com exemplos viria muito a calhar. Se a mão que dá é a mesma que retira, ela ao menos deveria indicar, com clareza, de modo unívoco, o que está sendo tirado. Achei muito louvável e esclarecedor a ADUnB buscar ser didática, mas isso seria OBRIGAÇÃO da reitoria.

Ontem, conversando com um consultor de RH de empresas privadas, com mais de 30 anos de experiência, me foi dito que não se pode retirar vencimentos que sejam pagos há mais de dois anos seguidos, salvo se houver mudança de função ou acordo. Não é o caso. Não somos empresa privada é certo, mas pode-se, simplesmente tirar assim, "pluft", qualquer vencimento? Quem recebeu a URP por mais de dois anos seguidos não teria direito de tê-la como vencimento fixo? Se fosse esse o caso, a extinção da gratificação somente seria aplicável aos ingressantes a partir de agosto de 2007 e não 2006. Pode-se contra-argumentar que a gratificação já estava sub judice, portanto passível de extinção. Mas eu não assinei nada que indicasse ciência de tal risco. Nesse caso, não deveria o administrador ter a obrigação legal de nos pagar, posto que ele assumiu o risco? Ou será que o risco só serviu para coletar bônus políticos, restando para nós o ônus? Seguramente minha interpretação não é válida, pois o TCU tem exímios conhecedores de direito trabalhista. Já que a reitoria não explica isso no site, seria muito bom se alguém com mais conhecimento pudesse esclarecer esse ponto.

Outras dúvidas dizem respeito aos tais cinco anos e à retroatividade do desconto. Se isso for aplicável, significa que eu devo à UnB? Que eu devo à União? Devo por ter trabalhado? Vou repetir porque o absurdo é quase borgeano: “devo por ter trabalhado?” Devo quanto? Se eu quiser sair da UnB vou ter que restituir dinheiro? Se eu não tiver a grana, não vou poder parar de trabalhar? Será que hoje o professor universitário vive uma situação análoga a do regime moderno de escravidão, no qual os trabalhadores têm sempre uma dívida impagável com os patrões e, por isso, são forçados a trabalhar sem parar e sem saber exatamente quanto devem?

Há algum tempo lembro-me de um corte, menos impactante financeiramente, mas semelhante ao atual quanto ao procedimento: além de virmos a saber que a nossa GED fora “equivocadamente” calculada, o que implicou em redução de gratificação, tivemos que devolver dinheiro, “indevidamente” recebido. Nunca fui informado ao certo sobre quanto me foi descontado e por quanto tempo. Será que agora a situação se repetirá?

Pelo que entendi a base argumentativa legal é que, como o nosso salário é apenas 2.000 e poucos reais, tudo o que for calculado com base em outros vencimentos é “indevido” (curioso é que os descontos são calculados em relação à totalidade dos vencimentos...). Teríamos, então, “indevidamente” nos apropriado de preciosos recursos da União, comprometendo o REUNI, o Pré-Sal e a Copa do Mundo? Indevido não é o nosso salário; indevido é o descaso com a Universidade. Nosso salário não é indevido, é indecente! Só não é mais indecente porque é muito pequeno... Será que não tem ninguém com sensibilidade suficiente no TCU (no MEC...? na Presidência...?) para entender que “indevido” é um professor doutor ter um salário de 2.000 e poucos reais? Qual é o país que se quer construir com um salário desses para a educação e pesquisa superiores? Que tipo de Universidade é possível com o quadro atual?

A história latino-americana é pródiga em exemplos de países que optaram por um modelo de desenvolvimento sem uma forte ancoragem nas universidades. Basta olhar ao redor para ver o resultado. Universidade é setor estratégico para o desenvolvimento nacional. É só comparar diferentes países e ver os indicadores econômicos e sociais de onde a Universidade é levada a sério. Por que o TCU não mandou a União consolidar todos os nossos vencimentos como salário? Por que a resposta técnica se sobrepôs a uma resposta sensível aos interesses nacionais? Por que o TCU não mandou redirecionar gastos do Pan para a Universidade?

Para mim, as únicas coisas que ficaram claras, aliás, claríssimas, são:

  • que, após me dedicar à educação pública desde 1986, não conseguirei fechar minhas contas do mês que vem;
  • que, após me dedicar ininterruptamente à universidade pública desde 1994, não pude fazer nenhum extra nesse feriado que passou, porque no mês que vem não vou conseguir fechar minhas contas;
  • que, após me dedicar à UnB desde de fevereiro de 2005, não poderei fechar minhas contas no mês que vem, porque minha contratação, que era para ser em agosto de 2004, atrasou, por conta do ano eleitoral, fazendo com que hoje eu ficasse devedor do Erário;
  • que, ao contrário de inúmeros outros servidores públicos bem melhor remunerados, dediquei (como vários colegas) minha vida aos estudos e à minha capacitação (duas graduações, especialização, mestrado e doutorado, todos na USP, em mais de 15 anos) para não ter como fechar minhas contas no mês que vem;
  • que, ao contrario de muitos outros servidores que têm todas as condições infra-estruturais para bem executar suas atividades profissionais, eu (como muitos outros colegas) investi muito dinheiro em livros (cerca de 2.000 títulos, porque as bibliotecas públicas não têm acervos atualizados), em equipamento de informática (pelo menos um computador a cada 2 ou três anos), em material didático para os alunos, em despesas para participar de congressos etc. e não terei dinheiro suficiente para fechar minhas contas no mês que vem;
  • que, nenhum recurso que investi (como muitos outros colegas) para melhor desempenhar minha atividade profissional será ressarcido, via TCU, mas que eu deverei ressarcir dinheiro à União e não conseguirei fechar minhas contas no mês que vem.

Todos já imaginam que as contas da Copa do Mundo não fecharão em valores da ordem de miríades de URPs dos professores das IES. Todos sabem que, no final das contas, haverá uma grande pizza. Por que? Porque no Brasil o futebol é um setor tido como mais estratégico do que a Universidade. É só olhar no noticiário a preocupação com transferência de jogadores para o exterior. Sinceramente, não vejo a hora de a janela do calendário europeu se abrir de novo para ver se, quem sabe, eu consiga emplacar meu passe. O difícil será pagar uma dívida feita em meu nome, resultante de meu trabalho, e de valor que desconheço.


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Prof. Dr. André Porto Ancona Lopez
Universidade de Brasília
Departamento de Ciência da Informação e Documentação

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Bambed Latino


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sábado, 5 de setembro de 2009

O que vai acontecer com nossa URP ?

Prezados,
Vamos entender o que aconteceu com nosso salário. Abaixo vai uma copia dos vencimentos brutos de um Professor Adjunto 4 em janeiro de 2009. Voceês podem ver que os principais rendimentos são: vencimento básico (VB), GAE e GED, cuja soma dava R$ 6871,45.
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A URP, até janeiro de 2009, incidia sobre o VB e a GAE, mas não sobre a GED. Tem sido assim há anos.
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Vamos fazer as contas: 1376,09 + 2201,74 = 3577,83.
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Se calcularmos os 26,34% (percentual aproximado) temos o valor da URP, que é R$ 942,78
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Vejamos o que aconteceu no pagamento de fevereiro de 2009.
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Ocorreu um rearranjo dos 3 principais redimentos. O VB aumentou para R$ 2533,72. O valor que antes era pago na forma de GAE passou para a RT, um "novo rendimento".
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Uma parte da GED foi incorporrada na RT (com valor de R$ 3583,43) e o restante passou a ser denominada de GEMAS com valor de R$ 1065,13. As GEMAS devem ser incorporadas ao VB até o final do ano (assim se espera).
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A soma dos 3 rendimentos desse professor adjunto 4 passou para R$ 7182,28, apenas 4,5% a mais que em janeiro de 2009. O cálculo da URP passou a incidir sobre esse valor resultando em R$ 1890,78, que aparece no contra-cheque em duas linhas, de R$ 942,78 e R$ 948,00.
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O valor de 948 reais foi o "triunfo" do reitor José Geraldo.
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O que o TCU está questionando é a incidência da URP sobre a RT e GEMAS, pois deveria ser apenas sobre o VB. Ora, antes a URP indicia sobre a VB + GAE. Por que deveria agora incidir apenas sobre o VB ?
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O que aconteceu é que o reitor, sob suposta pressão de TCU, resolveu por vontade própria desfazer a sua criação (adotada em fevereiro de 2009). Decidiu por decreto calcular o pagamento da URP apenas sobre o VB. É o que irá acontecer no pagamento do mês que vem.
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E quanto este professor (Adjunto 4) vai receber de UPR (valor bruto) em setembro ?
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Serão 26,34% sobre R$ 2533,72, ou seja, R$ 667,38. Este valor é 29% MENOR do que um professor adjunto 4 recebia de URP até janeiro de 2009, e 65% menor do que foi pago em agosto.
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Parabens Zé do MST. Você ganhou pontinhos com seu chefe, o famoso Zé Dirceu (que quer acabar com a URP).

quinta-feira, 3 de setembro de 2009